Três aspectos que influenciam o resultado de uma consulta de tarot

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Hoje, uma pessoa me escreveu questionando a validade de jogos de tarot não personalizados. O que é isso? São aqueles jogos que você compra, um programa determina aleatoriamente as cartas do jogo, que é interpretado baseado em textos pré escritos, que descrevem o significado de cada carta separadamente.

Para entender melhor este processo, basta lembrar de como são feitos os mapas astrológicos elaborados a partir do mesmo princípio. Quem já fez isso sabe o quanto pode parecer confuso ler em um determinado momento que você é uma pessoa muito racional e em outro momento ler o quanto você se deixa levar pelas emoções. Parece loucura? Sim... Se é um programa que detecta, por exemplo, que você tem o ascendente em libra (racional) e a lua em câncer (emocional). Se esta mesma leitura fosse feita por um profissional que analisa o mapa como um todo, ele poderia ponderar, inclusive por outros aspectos, o quanto de racional e o quanto de emocional a pessoa é e poderia vir uma interpretação muito mais lúcida, como "apesar de você se apresentar como uma pessoa muito racional, uma pessoa que analisa muito todos os fatos antes de tomar uma decisão, quando o assunto está relacionado ao emocional você pode ser muito sensível e instável".

O problema de um jogo feito por computador não está na seleção das cartas, porque ela é tão "aleatória" (no sentido de não ser escolhida conscientemente) quanto num jogo individual e personalizado, mas sim na interpretação. O computador apenas reproduz a interpretação de cada carta separadamente, enquanto uma pessoa cruza informações separadas e analisa a influência das cartas vizinhas, isso sem falar na percepção mais ampla que vem da interação direta com o cliente. Talvez por isso, quando a proposta é tirar apenas uma carta para saber qual a energia que influencia determinada situação, o resultado do "jogo feito pelo computador" seja mais preciso e, ao contrário, quando se trata de um jogo com várias cartas, ele faça bem menos sentido.

Outro detalhe que faz muita diferença, é a periodicidade das consultas. Quando uma pessoa faz uma consulta por ano, o que aparece no jogo costuma ter mais relevância, no sentido de apontar acontecimentos mais marcantes. Claro! Se temos somente uma consulta para analisar um ano inteiro, é sinal de que o jogo vai se restringir aos fatos mais relevantes, os que vão causar maior impacto para a pessoa. Se a pessoa faz uma consulta a cada três meses, o que aparecer será mais detalhado e, por ser mais detalhado, vai mostrar situações mais simples do dia-a-dia que têm a sua importância. É como olhar por uma luneta para uma paisagem distante (consulta anual) e olhar em um microscópio, ampliando a imagem e observando seus detalhes (consulta trimestral). Assim, uma Torre em uma consulta anual pode representar uma grande perda ou rompimento e uma Torre em um jogo trimestral pode ser um objeto que se quebra ou uma briga ocasional, feia, porém sem maiores consequências.

Um último detalhe, para concluir esta explanação, é o temperamento da pessoa que faz a consulta. Meus tempos de jornalista me mostraram que nenhum ser humano é 100% imparcial. Basta você observar várias pessoas escrevendo sobre o mesmo tema e perceber qual a impressão que fica ao terminar a leitura de cada matéria. Enxergamos o mundo de formas diferentes, cada um com seu próprio "filtro". E quando se faz uma consulta isso não é diferente. Dificilmente, uma pessoa pessimista, vai conseguir enxergar um caminho otimista (ou mesmo realista) nos jogos que faz, e vice versa. Dificilmente, uma pessoa profundamente ferida afetivamente vai conseguir fazer jogos sobre relacionamentos de uma maneira neutra e objetiva. Dificilmente, uma pessoa profundamente frustrada profissionalmente vai conseguir enxergar oportunidades confiáveis em termos profissionais em um jogo. E por isso que é tão importante que os profissionais que trabalham nesta área estejam constantemente se auto observando e se trabalhando interiormente. Perfeito ninguém é, mas ser uma pessoa equilibrada é algo fundamental para um profissional de tarot e terapias, para que seus próprios sentimentos e pensamentos (opiniões, gostos, medos, traumas, crenças) sejam minimizados diante da realidade do cliente.

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