2 de Paus

domingo, 16 de abril de 2017

Bom dia! :-)

E cá estamos em mais uma Páscoa! Neste ano, uma Páscoa muito reflexiva pra mim... Sempre encarei esta data como um momento de renascer, momento de deixar morrer tudo aquilo que não nos pertence mais e deixar vir tudo novo que fará parte da nossa nova vida.

Desde os tempos em que eu frequentava o colégio de freiras e era uma católica praticante, sempre me importei em enxergar as coisas de uma forma mais ampla, que incluísse as pessoas diferentes de mim. Sempre me incomodaram os comentários negativos que ouvia sobre outras religiões, outras culturas, outras crenças. Sempre me perguntava: por que a minha é, necessariamente, a melhor? Creio que este tenha sido o primeiro passo para que eu não me considerasse mais católica e, com o tempo, abandonasse os rótulos religiosos, adotando a linda frase do Dalai Lama "minha religião é o Amor".

A cada dia quero ter menos rótulos, porque rótulos restringem. Quando você assume um rótulo, ganha logo duas equipes que costumam trabalhar muito bem: a de cobrares e a de críticos. A primeira de olho pra ver se você cumpre mesmo com as exigências do seu rótulo e a segunda para falar mal de tudo que envolve tal rótulo. O ser humano e suas "coisinhas", sua forma estranha de ser...

Quem me acompanha por aqui deve ter percebido que venho de uma fase de muitos questionamentos em relação a uma série de coisas. A maior parte dessas coisas tem a ver com o interior, minha forma de pensar, sentir e agir, porque esta é a parte que tenho capacidade e autoridade para mudar. Mudar os outros é muito complicado, mudar o mundo então... nem se fala!

Percebi, por exemplo, uma culpa ancestral que acaba gerando uma reação de incômodo em relação aos erros dos outros. É como se eu sempre tivesse culpa em relação a algo ruim que alguém fez comigo. Como se fosse uma pegadinha... Mesmo se a atitude foi muito feia, algo em mim pensa "ah, mas por que eu permiti isso?" ou "eu tinha que ter impedido isso". É claro que eu sempre soube desta culpa (vocês acham que eu faço tanto Ho'oponopono por conta de quê? rs), mas não tinha noção do quanto ela era abrangente.

Outra coisa que andava me entristecendo eram algumas relações de amizade. Percebi que algumas das amigas mais queridas e mais importantes foram se afastando, se afastando, desaparecendo... Daí apareciam num momento de sufoco afetivo, procurando os conselhos do tarot, aí sumiam de novo. Tudo muito estranho... Porque estou falando de pessoas com quem eu conversava todo dia online e com quem me encontrava pessoalmente pelo menos a cada duas semanas. Tudo isso sem uma conversa séria, sem uma explicação sobre o que poderia estar acontecendo. Parece aqueles namorados que somem sem nem terminar o namoro...rs

Esta tristeza sobre amizades me pegou de jeito no começo do ano, mas depois eu consegui me recuperar. Eu sempre disse que o gostar não pode ser obrigatório, ele acontece naturalmente, mas é fato que quando ele "desacontece" é dureza... No entanto, o que me chamou a atenção nestes dias pré Páscoa foi um tipo de isolamento, não só meu, mas de várias pessoas. Eu sou do tipo que fica feliz sozinha em casa vendo filme, lendo um livro, ouvindo música... Tenho uma família (filho e pais) com quem tenho uma relação ótima... Tenho um namorado amigo. Então, não estou falando daquela coisa que incomoda muitas pessoas que é ficar sozinho. Estou falando que muitas pessoas se isolam, pessoas que poderiam estar interagindo umas com as outras, trocando ideias, experiências, vivências, mas que ficam presas a um tipo de rotina, preguiça, medos, sei lá mais o que!

Fico me perguntando se as mulheres, especialmente as mulheres, já perceberam o poder que são capazes de gerar quando estão reunidas. Eu já vivenciei momentos espetaculares com três, quatro ou cinco mulheres reunidas e com um grupo maior de mulheres reunido. É impressionante! Mas nos últimos tempos tenho vivenciado meus momentos mais mágicos ou sozinha ou com o namorado, pelo simples fato de ter cansado de chamar as amigas e elas nunca aparecerem...rs E esta foi uma das coisas que foi parar na fogueira, no ritual que fizemos ontem: pessoas entram e saem das nossas vidas, nossa função é sempre perdoar, amar e agradecer. Quem tem que ficar perto (normalmente, por similaridade de energia), fica... Quem tem que ir embora, vai... E o fogo transmutou vários sentimentos de perda, de ausência, e substituiu por abertura para novas experiências, novas amizades, novos encontros. Fiquei cantando, repetidamente, o refrão de uma música que eu gosto muito: "estou morrendo para o passado e nem anseio pelo futuro. Minha coroa tem brilho dourado, provo o néctar do amor maduro". E assim foi, é e será!

Para viver plenamente precisamos morrer e renascer. Toda vez que nos recusamos a mudar, toda vez que teimamos que estamos certos e os outros errados, a vida costuma dar umas chacoalhadas. O renascimento deve ser um exercício frequente em nossas vidas! E para renascer é preciso muito desapego! Especialmente o desapego do ego, daquilo que nós acreditávamos ser Eu, mas era somente uma construção resultante da vida, dos condicionamentos, dos aprendizados familiares e sociais. Somos (nossa essência) muito mais que isso! E devemos experimentar este Eu maior e essencial que somos com mais frequência.

E o que o 2 de Paus tem a ver com tudo isso? Tudo, né? O 2 de Paus é a carta do planejamento, é o Arcano que nos faz parar para refletir sobre o que é, de fato, importante e como podemos chegar lá. É a carta que avisa que uma boa ideia, uma boa intenção, uma inspiração não é o suficiente. É preciso estruturar tudo isso de maneira funcional. Então, no momento em que renascemos podemos planejar tudo de novo que vem pela frente. Neste momento, os caminhos estão abertos para que nossas ideias cresçam, se desenvolvam. E pensar em ideias-ovinhos coloridos me fez sorrir aqui :-)

Feliz Páscoa para todos! Que sejamos capazes de renascer sempre que necessário.

A imagem veio daqui

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