sexta-feira, 12 de junho de 2020
Antes de começar esta experiência, desça até o fim da postagem e coloque pra tocar a música. E repita quantas vezes for necessário. Vai valer a pena! ;-)
Há muito tempo, ouvi dizer que algumas pessoas se desencantavam com o amor. Simplesmente acordavam um dia e percebiam que ele não existia ou pelo menos não existia para elas. Isto me assustava! Como alguém pode viver sem amor? Eu não sabia... E jamais poderia imaginar que eu seria uma dessas pessoas um dia.
O tempo foi passando, os relacionamentos acontecendo e, sem que eu percebesse, me tornei uma daquelas figuras amargas, que quando sabe que alguém vai se casar nunca perde a oportunidade de dizer "eu conto ou vocês contam?", seguido de um sorriso sarcástico. Sim, esta era a pessoa para quem eu olhava antes e dizia "poxa... ela está precisando se apaixonar".
Eu, que sempre repetia a frase "amor é para quem tem coragem", percebi que a falta de coragem é a expressão consciente do processo e normalmente envolve quem acredita que os males do amor estão nos outros. Meu caso era outro! Eu concluí que não sabia escolher. O problema era meu mesmo. Algumas vezes, fazendo graça (como costumo fazer em relação aos meus sofrimentos), eu dizia que ia pedir para meus pais escolherem um namorado pra mim, porque certamente eles fariam uma escolha melhor do que eu era capaz. Meu coração congelou, simples assim... E eu sei exatamente quando e porque isto aconteceu... E o mais triste é que fui eu mesma que magicamente assim determinei.
Neste período, continuei me envolvendo romanticamente com algumas pessoas, na esperança de que alguém descongelasse meu coração. Sim, eu nutria a esperança, por mais que parecesse algo impossível. E sou muito grata a todos que passaram pela minha vida. Eles podem não ter descongelado meu coração, mas foram companheiros, amigos, me deram carinho e aguentaram as minhas chatices. E eu garanto que "só" isso já é muita coisa! Olhem em volta e percebam como as pessoas se tratam de um modo geral, como tratam seus parceiros e parceiras... Encontrar alguém que te ouça, que converse com você, te abrace quando você tem medo, te faça rir e celebre vitórias contigo já é raro e precioso. Mas isto, por si só, ainda não é, necessariamente, amor.
O amor é algo tão misterioso que não tem regra, não tem garantia, não tem aviso prévio. Aliás, às vezes, você já está se direcionando para um lado e ele chega te puxando pra outro canto, de forma absolutamente inesperada! O amor nunca é uma via de mão única, por mais que os filmes dramáticos insistam neste roteiro. Quando alguém diz que ama e não é correspondido, acreditem, não é amor! Pode ser paixão, atração, desejo, birra, maldição...rs Mas amor não é.
Provavelmente, vamos passar toda uma existência nos confundindo, nos enganando, na melhor das hipóteses (pelo menos é melhor do que iludir os outros, conscientemente). Teremos muitas paixões, muitas aventuras, muitos relacionamentos que parecem ser amor e outros tantos que serão amor mesmo, mas por alguma razão foram interrompidos. E então vamos para mais um aprendizado fundamental: amores às vezes dão errado e amores um dia acabam.
Os amores que às vezes dão errado são aqueles em que há amor verdadeiro, em via de mão dupla, mas as personalidades de ambos são por demais conflitantes! Ou, ainda, os objetivos de vida vão em direções opostas. Os amores que acabam podem ser de dois tipos: 1) o amor que não foi realimentado, aquele em que o casal acreditava que só sentir já era o suficiente e que a garantia de "funcionamento" era eterna 2) o amor permanece mas as pessoas mudam, se transformam de maneira tão profunda que se tornam outras pessoas e, assim, passam a sentir de maneira diferente. O eu e o ele do passado se amavam, mas o eu e o ele do presente já não se amam mais.
Quem olha para trás e consegue identificar amores verdadeiros, mesmo que tenham chegado ao fim, já pode se considerar alguém especial! Alguém que conseguiu amar e ser amado! E isto não somente traz uma série de sensações maravilhosas, como também demonstra que a pessoa teve coragem para se entregar e generosidade em oferecer o que ela tem de melhor.
Mas existem os ambiciosos! Aqueles que querem um amor especial, um amor que parece ser feito sob medida não por ser igual, mas por ser perfeito em suas imperfeições. Eu me encaixo neste grupo e passei boa parte da vida acreditando que haveria uma pessoa em todo o mundo que nasceu pra mim, uma que, de uma forma linda e única, me reconheceria. Seria um amor reencontro, um amor que emana e multiplica a cada dia mais luz ao invés de se desgastar. Um amor que faz com que o silêncio e o encontro ganhem valor e significado, mas, ao mesmo tempo, cada palavra seja ouvida com carinho e atenção. Um amor que faz rir e quando faz chorar é de emoção... Um amor que nos faz dormir bem e acordar feliz pelo simples fato de existir.
Aposto que muitos dos que me leem podem pensar que tudo isto é pura fantasia! Imaginação fértil, criatividade romântica... Aposto que muitos podem dizer que algo assim dura pouco tempo, porque ninguém consegue manter a chama do amor viva por muito tempo. E hoje, neste dia dos namorados de 2020, só posso dizer que isto existe, é real, pode acontecer com qualquer pessoa que esteja disposta a se entregar ao amor. O prazo de validade é incerto? Sim... Como a própria vida! Mas vale cada segundo!
E como eu sei disso? Porque eu já havia desistido de tentar e ainda assim, em um momento mágico e especial, numa noite de chuva repentina, eu cantei para a deusa com todo o meu coração e pedi que ela escolhesse por mim e trouxesse o meu amor, porque eu já não me sentia capaz de fazer isso. Dois dias depois ele chegou... por iniciativa própria, sabendo exatamente o que queria, mesmo sem ter certeza de que o desejo era recíproco. Nos reencontramos, nos reconhecemos e nos amamos. Daquela forma especial... com aquele amor especial... Aquele que só os ambiciosos alcançam, aquele que só os corajosos abraçam, aquele que só os que acreditam conservam, aquele que só os generosos manifestam.
O amor é misterioso...
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