A Rainha de Espadas e o Amor - Parte 1

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Por dois dias seguidos, ontem e hoje, meu olhar foi puxado para questões do amor e dos relacionamentos. Como não acredito em meras coincidências, entendo que há uma razão para isso e ela tanto pode ser para uma auto reflexão como para um compartilhar com os amigos. Então cá estou eu, em uma sexta-feira de amorzinho, falando sobre o tema de Vênus.

Ontem, quinta-feira, ao sair da escola, me deparei com uma cena que me chamou a atenção... Encostado em um muro, num cantinho mais escuro da rua, lá estava um casal de namorados, aos beijos e amassos, sussurros e sorrisinhos. Confesso que acho isso muito legal! rs Não estou falando de atentado violento ao pudor, tá gente? Estou falando de uma expressão de amor e carinho que não se inibe com a ausência de paredes. Isso sempre me lembra os tempos idos... Época em que era tão gostoso namorar, passeando de mãos dadas, parando de tempos em tempos para um beijo, um mirar os olhos, uma troca de sorrisos que nem sabemos o motivo e que se resume em estar ali com aquela pessoa. Isso é magia pura!

Então, fiquei pensando sobre os aspectos positivos e negativos de cada fase em que amamos.

O amor adolescente costuma trazer muito sofrimento. É um tudo ou nada meio desesperador. Além disso, é comum que as pessoas se magoem de uma forma irresponsável, sem ter a noção do que podem causar ao outro. Quando somos jovens, também somos muito instáveis e muito exagerados. Isso acaba resultando em namoros tão rápidos que quem está em volta não consegue acompanhar e tão intensos que os envolvidos podem ser, facilmente, confundidos com criaturas bipolares.

Por outro lado, nesta época, nossa alma ainda está leve. Não acumulamos tantas dores, tantos traumas, tantos rancores... Ainda acreditamos no ser humano, acreditamos no amor, na doçura, na sinceridade de sentimentos e no romantismo (será que hoje em dia continua assim, ou sou muito antiga? rs). E apesar de todas as nossas inseguranças, conseguimos nos entregar muito mais do que depois que os anos passam. Arriscamos mais! Talvez porque tenhamos pouco a perder, talvez porque ainda não estejamos contaminados com a falta de confiança, fé e amor.

Os anos passam... Nos casamos e descasamos. Passamos por perdas, dores, desafios, a batalha profissional e a busca diária do ganha pão. Nossos olhos não enxergam mais os sentimentos com tanta pureza, nosso coração bate em outra velocidade (às vezes, já sob a ação de remédios), a vida não nos permite mais expressarmos a sagrada bobeira do amor...rs Aquele sorriso colado no rosto e a lombeira que é capaz de nos fazer passar uma tarde toda balançando numa rede pensando no jeito que ele ri ou as palavras que diz ao nosso ouvido quando nos abraça. Não temos tempo para amar, essa é a verdade! Temos que trabalhar, ganhar dinheiro, pagar as coisas, estudar cada vez mais, frequentar a academia, dormir e relaxar (porque ninguém é de ferro) e que tempo sobra para o amor? Depois de tantos términos, decepções, frustrações, desencontros, o amor vira quase um sinônimo de sofrimento e na maioria dos casos é mais cômodo não se arriscar novamente. Alguns preferem as relações superficiais, outros preferem a solidão, outros optam pela segurança confortável de manter uma relação mais ou menos. Mais ou menos gratificante, mais ou menos suportável, mais ou menos feliz.

Mas quem consegue lidar com a maturidade de uma forma positiva em relação ao amor, pode usufruir de algumas situações surpreendentes! As experiências podem nos trazer o olhar clínico que distingue, em poucos minutos, um possível namorado de um possível erro...rs Ironicamente, apesar de termos (em tese) menos tempo pela frente do que um adolescente, temos menos pressa. Não estamos sempre em estado de "tirar o pai da forca", nossas necessidades - físicas, mentais e emocionais - estão mais sob controle, somos capazes de dar o tempo certo das coisas. Como somos mais independentes e livres, esperamos menos dos outros, não dependemos de cada atitude alheia para nos sentirmos acolhidos e amados (apesar de que continuamos gostando disso, o acolhimento e o amor).

Uma das coisas mais belas que já presenciei (e vivenciei) é o relacionamento de um casal maduro apaixonado. O primeiro efeito maravilhoso é que ambos rejuvenescem. O brilho do olhar, a pele, o sorriso, até o jeito de andar muda! O processo de descoberta - de si e do outro - acontece uma oitava acima, porque nosso olhar está mais atento, somos mais sábios, mais experientes. Ao mesmo tempo, as borboletas no estômago e o coração batendo mais forte ignoram solenemente o número que aparece na certidão de nascimento. Temos todos 15 anos novamente. Nos tornamos mais criativos, mais vivos, fazemos planos, queremos passear nas férias, aproveitamos melhor o tempo e revigoramos os hormônios (bom demais!)

Em cada fase da vida haverá espaço para o amor e um diferente tipo de amor, com suas vantagens e desvantagens. Se soubermos usufruir do melhor que o amor (e a vida) pode nos oferecer, sempre haverá tempo para um beijo, sempre haverá valor em um carinho, a troca de olhares será nosso brilho, o enlaçamento das mãos será um bálsamo e a fusão dos corpos uma experiência única. Em certos momentos, confesso que tenho a vontade de implorar às pessoas: por favor, não desacreditem no amor! Não pensem que ele morreu, é ilusão ou utopia. Porque o amor é o que a gente faz dele. Falar mal do amor ou dos relacionamentos é falar mal de nós mesmos, pois somos nós que sentimos e nos relacionamos.

Bem... Pensei tudo isso ontem... Aí, quando foi hoje...

Hmmm... Mas esta história fica pra outro dia! ;-)

5 comentários:

Ann disse...

Poxa, Cláudia, fiquei tão curiosa!!! Quero ler a continuação desse texto maravilhoso logo!

Cacau Gonçalves disse...

Oi, Ann

Vou ver se faço a parte 2 no final de semana.

beijo!

Vinícius Dalí disse...

Coincidência, Cláudia...

Nesta semana eu postei algo sobre isso no meu blog (depois de meses sem atualizá-lo).

O link, caso interesse: http://filosofiaoculta.blogspot.com.br/2014/07/sobre-decadencia-do-amor-e-outras.html

Por mais que eu esteja decepcionado, eu reconheço que é um belo sentimento. E talvez, para honrá-lo, seja necessário mais do naipe de Espadas do que nós normalmente pensamos, já que é preciso podar sempre as ervas daninhas dos ciúmes, da infantilidade, dos joguinhos de poder... E quê ferramenta é melhor para isso do que as Espadas?

Cacau Gonçalves disse...

A sincronia anda batendo firme...rsrsrs

beijão, Vinícius!

...:: * Velly * ::... disse...

Como eh difícil, após tantas decepções... =/