O que é o amor?

sábado, 15 de novembro de 2014

Um papo com uma amiga pelo whatsapp acabou me inspirando a escrever este texto. Há tempos que não me manifesto por aqui em relação a este tema que é preferência nacional e preferência particular também. O amor, ah, o amor...rs

A conversa já se desenvolvia há algum tempo, com troca de áudios (coisa boa que é isso de não precisar escrever ainda mais do que já sou obrigada a escrever o dia inteiro), quando a amiga disse que jamais conseguiria amar novamente. Se relacionar, sim... Amar, aquele amor tão lindo, já sentido em outros tempos, não.

Passei o dia todo refletindo sobre isso, em meio ao trabalho, às conversas e risadas na escola. E logo que cheguei em casa me senti preparada para falar sobre isso. Houve um tempo em que era bem mais fácil falar sobre isso, percebi que agora, nem tanto.

Quando meu primeiro casamento terminou, eu acreditava que jamais seria capaz de amar novamente daquele jeito, o jeito que eu acreditava ser o amor verdadeiro. Também cheguei à conclusão de que jamais moraria junto com alguém novamente. O tempo passou e eu acabei amando e morando junto de novo.

Quando o meu segundo casamento acabou, com decepções e baques emocionais bem mais profundos, aí tive a certeza de que jamais amaria novamente e jamais desejaria morar junto com outra pessoa que não fosse meu filho.

Mas nada como o tempo para esfriar a cabeça e aquecer o coração...

Hoje, continuo pensando que dividir uma casa com alguém pode ser algo que não me agrade. No entanto, compartilhar uma vida, cada um na sua casa, pode ser uma boa coisa. Eu sei que nasci para estar acompanhada e sei que é uma questão de tempo para que a pessoa certa apareça. E, não, não tenho interesse em me divertir com as pessoas erradas enquanto isso! rs

Mas, uma coisa me parece bem clara: o tempo e as experiências vão endurecendo a gente. Alguns chamam isso de maturidade. Eu chamo de endurecimento para que as pancadas sejam menos sentidas mesmo. Mas não há aí amargura, nem tristeza, nem desesperança. Vejo aí um processo que pode ser muito enriquecedor.

E foi isto que falei para a minha amiga: talvez, apenas talvez, a forma como amávamos antes não fosse aquela capaz de nos fazer, de fato, felizes. Uma forma de amar muito intensa, muito idealizada, com a autoestima sendo substituída pela entrega absoluta, não somente ao outro, mas ao relacionamento em si e uma expectativa de que o amor do outro fosse nos fazer felizes. Sinto ser eu a portadora da notícia desagradável, mas esperar que o amor do outro seja o agente da nossa felicidade é caminho errado e sem volta para muitas decepções.

Creio que o que chamamos de "não amor", apenas relacionamentos afetivos, sem "aquilo tudo" que antes sentíamos, pode ser um caminho equilibrado para que sejamos capazes de encontrar o amor dentro de nós e possamos partilhá-lo com outra pessoa. Creio que hoje eu esteja mais preparada para ser feliz com alguém do que era antes. E olha que eu nem acreditava mais em Príncipe Encantando há algumas décadas, mas ainda esperava cumplicidade, entrega, dedicação, consideração, respeito, generosidade... Enfim, eu esperava receber o que eu oferecia na mesma proporção. Nem sempre isso acontece! E isso não pode ser o fato que define a nossa felicidade.

Algumas pessoas vieram a este mundo com uma parceria muito bem alinhada, um companheiro ou companheira de encaixe perfeito. Mas isso é a exceção (eu me lembrando do filme mais didático dos últimos tempos "Ele não está tão a fim de você") De um modo geral, teremos relacionamentos que começam com o furor da paixão e que vão desbotando com o passar do tempo, sobrevivendo, normalmente, graças a um dos cônjuges, normalmente, a mulher. Mas isso não é razão para tristeza... Podemos ter ai alguns aprendizados bons: perceber que a pessoa com quem vamos nos relacionar do dia em que nascemos ao dia em que morremos somos nós mesmos e essa é a relação mais importante da nossa vida... perceber qual é o limite, qual é a hora de dizer chega, diferenciar o que é um relacionamento naturalmente morno pelo passar dos anos e o que é um relacionamento egoísta, que satisfaz somente a uma pessoa... aprender que manter uma certa distância costuma fazer com que ambos tenham uma visão mais real do outro, perto demais parece que os dois são um só, no aspecto negativo... Nunca deixar de acreditar que em algum momento da vida pode ser que a pessoa do encaixe apareça.

Amar é acreditar. Amar é confiar que nascemos para sermos felizes neste mundo de meu Deus. Amar é ser generoso o suficiente para oferecer amor e aceitar o amor do outro, mesmo que não seja aquele com o qual idealizamos a felicidade. É simples... O quanto a pessoa acrescenta a sua vida? Se acrescenta coisas boas, se faz falta e dá saudade, então vamos bem. Se acrescenta stress e desgaste ou nada acrescenta, está na hora de puxar a conta. Sem mais.

2 comentários:

Juliana disse...

"Perceber que a pessoa com quem vamos nos relacionar do dia em que nascemos ao dia em que morremos somos nós mesmos e essa é a relação mais importante da nossa vida."

Foram alguns bons baques tb até compreender isso em sua plenitude... mas depois de compreendido (e depois de aprender a amar de verdade essa pessoa que está ao nosso lado pra sempre, com todas as suas virtudes e defeitos), ficou tão mais fácil encontrar e receber o amor do outro... :)

E seu último parágrafo vai comigo, Claudinha! Amor (próprio) é pura e genuína Magia... e atrai mais amor do 'lado de fora' também. ;)

Beijos!
Juju

Vinícius Dalí disse...

Talvez pessoas diferentes percebam verdades diferentes. Compreendo o que disse no texto, e concordo em muitas partes.

Olhando pra trás, percebo que as paixões que tive foram importantes para o meu crescimento. De alguma forma, parece que a parte mais profunda da nossa alma é refletida por alguém de fora. Claro, houve dor, decepção, mas faz parte. E por fazer parte, talvez não seja algo que valha tanto a pena.

Eu gosto de evitar coisas desnecessárias, inclusive relacionamentos, quando o são. Quem sabe, exista outra forma de crescer que não envolva relacionamentos profundos com outros. Como você disse, um parceiro que encaixe perfeitamente com o que somos é exceção. Mesmo que algo seja bom no começo ou nos primeiros anos, as pessoas mudam, se transformam, passam a desejar outras coisas, passam a se diferenciar, e nós mesmos passamos por isso também. É bastante improvável que um relacionamento continue sendo tão significativo para ambos pro resto da vida. Sendo assim, só vejo duas alternativas: o "que seja eterno enquanto dure", do Vinícius de Moraes (que não simpatizo tanto) ou aceitar a solidão. Afinal, eu nem me conheço tanto, como posso ambicionar conhecer outra pessoa? Vim ao mundo só, sairei daqui só, e é provável que o que eu sou agora, daqui há um tempo já nem exista mais. Não consigo ignorar esses fatos e ter relacionamentos normais.

Isso não nega o Amor, apesar de tudo. Talvez o único amor coerente seja aquele sem distinção. Como disse um místico cristão, "amar as criaturas em Deus, e apenas em Deus, é o caminho para o êxtase."