Se fosse há uns 30 dias, eu diria "aham, tá bom... vamos ver o que tenho pra celebrar" (#ironia), mas tenho aprendido na prática (de novo, porque quando se trata da cabecinha doida do ser humano são necessárias várias lições) o que estou cansada de saber em teoria: sejamos gratos, mesmo quando tudo parece estimular a reclamação e não a gratidão. Hoje, continuo doente... aparentemente a pneumonia veio me ver novamente depois de 40 anos desde o último encontro. Mas sou capaz de agradecer, bem no ritmo do 3 de Copas, levando-se em conta que posso não estar bem o suficiente para trabalhar e praticar esportes, mas, para quem está com uma pneumonia, eu estou muito bem, obrigada. Infinitamente melhor do que fiquei há 40 anos. Então vamos celebrar!
O 3 de Copas não é só festa, não é somente uma alegria superficial... Ele expressa uma emoção muito especial que envolve tanto a gratidão quanto o prazer de estar conectado com suas próprias origens, de estar conectado com tudo que vive, tudo que pulsa e ondula nas águas da vida.
Nesses dias em que fui, praticamente, nocauteada e obrigada a ficar na cama, quieta, e que até o pensamento compulsivo foi parcialmente bloqueado em função das crises de tosse, refleti sobre muitas coisas e sobre algumas incongruências que carrego há tempos na vida. Resolvi compartilhar um pouco disso por aqui... Pode servir pra alguém... Vai que mais alguém teve a "ideia brilhante" que eu tive? rs
Quando criança, eu era louca por água! Minha mãe conta sempre que onde houvesse uma praia, uma piscina, uma cachoeira, uma banheira, lá estava eu... e não importava a temperatura! Afinal, o que era uma tremedeira e uma boca roxa, perto da alegria de mergulhar, ficar dentro da água, me gabar da quantidade de tempo que conseguia ficar em apneia? Eu me sentia mesmo uma sereia! Isso me levou a um amor profundo e conexão (diria eu, quase) espiritual com alguns seres marinhos. O golfinho é um dos meus animais de poder, que fui descobrir muitos anos mais tarde em uma jornada xamânica. Baleias, principalmente a Orca, pinguins e focas também fazem parte dos meus mais queridos, bem como as tartarugas marinhas (o chilique que eu dei quando visitei o Projeto Tamar deveria ter sido filmado!) Nunca tive a oportunidade de tocar golfinhos, mas tenho a memória tátil perfeita de tantas vezes que sonhei - sonhos lúcidos - que mergulhava no mar abraçada a um deles. Com o tempo, fui deixando tudo isso de lado, guardado no fundo da memória e do coração, fui me tornando a inimiga número 1 do elemento água. Quem me acompanha por aqui há muito tempo sabe que eu sempre escrevo que a água é o elemento com o qual tenho mais dificuldade de me relacionar... E creio que não foi só coincidência o fato de que no dia em que tive minha primeira crise de pânico, em 2010, o Arcano do Dia era a Rainha de Copas. Parecia que estava sendo engolida para a escuridão do mar profundo.
Conforme fui tirando a água da minha vida, fui deixando de ser tão "dramática", chorona, emotiva... fui colocando uma quantidade de ar artificial na minha composição para poder me defender melhor de um mundo totalmente ilógico, com um escudo de racionalidade. Passei a ter problemas de saúde associados ao excesso de ar... labirintite (excesso de vento nas cavidades da cabeça, segundo a Medicina Chinesa) agravamento de vata (vata = ar na Medicina Ayurveda e pode gerar ansiedade, pânico, agitação, pensamentos acelerados, pele e cabelos ressecados, dificuldade de lidar com o frio) Desde que a pandemia chegou, eu fiz três testes de covid (2021, 2022 e agora, 2023), os três deram negativo, mas o que eu sentia parecia igual: sinusite, secreção ressecada e presa na face e - desta vez - no pulmão também, algo que misteriosamente melhorava quando eu... chorava... quando entrava em crise, porque não sei mesmo lidar com problemas de saúde, e começava a chorar de desespero... entrava debaixo do chuveiro durante longos minutos, buscando a calma e o acolhimento (coisa que faço desde criança). A água abraça a gente e não pede nada em troca.
Estou fazendo as pazes com a água... estou admitindo o quanto ela me faz falta. Não me importa mais esconder emoções... Preciso de ar para respirar, mas preciso do meio líquido para viver. Sem disciplina não há salvação, é fato, mas sem amor não há sentido. Não há vida!
Que a quarta seja de gratidão à vida e ao amor!
A imagem veio daqui
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O Curso do Destino é um mistério mesmo quando desvelado. É como o amor que se sente, nunca sabemos plenamente o que lhe deu origem. Fazer o próprio destino é estar consciente de seu próprio mistério, tal como agora, Via Tarot.