Uma das minhas especialidades, desde a infância, é observar o comportamento humano, suas reações, suas interações e, principalmente, seus relacionamentos afetivos. Lembro de ainda bem pequena ser procurada pelas amigas para aconselhar sobre suas brigas com os pais, irmãos e outras amigas... Lembro do começo da adolescência, quando a carreira da "Dra Love" começou...rs Minhas amigas me procuravam para contar seus devaneios amorosos, suas dúvidas e conflitos nos primeiros namoricos e sobre os mistérios da sexualidade que começava a despertar. Pelo que me consta, sempre me saí bem no cargo de conselheira (até porque continuavam me procurando...rs), o que não queria dizer, necessariamente, que as coisas fossem tão fáceis pra mim.
Enxergar com clareza e sensibilidade o funcionamento das relações - infelizmente! - não garante que nossos próprios relacionamentos serão sempre tão harmoniosos e gratificantes. Uma coisa é saber o caminho, outra coisa é trilhar o caminho (já dizia Morpheus), especialmente quando o caminho é trilhado com outra pessoa.
Mas por que estou falando tudo isso?
O tema amor-sexualidade-relacionamento me encanta e fascina! Vira e mexe, falo sobre isso. Muitas vezes, falo sobre isso com o sócio, que, como (quase) todo homem, nem sempre tem muita paciência para ouvir este tipo de coisa...rs Mas ontem tivemos uma conversa bem instrutiva e interessante! :-) Ele postou algumas coisas no FB, baseado no que conversamos, e um amigo em comum veio e comentou: "discutir relação... blablabla..." Adoro este nosso amigo, mas o comentário dele expressa o que pensa a maioria arrasadora dos homens e explica a igualmente arrasadora dificuldade de homens e mulheres se relacionarem de forma gratificante.
Vou fazer uma afirmação polêmica, mas totalmente embasada no que eu vejo e ouço em 15 anos como taróloga e terapeuta, como amiga-conselheira e em minhas próprias vivências também: os casamentos e relacionamentos mais longos só se mantém porque em aproximadamente 70% das vezes as mulheres exercitam a generosidade, a paciência, a compreensão em doses maciças, normalmente a custa da sua própria felicidade amorosa. Ou seja, se as mulheres agissem em relação ao relacionamento tal qual os homens, creio que não existiriam mais relacionamentos longos...rs Dos 30% restantes, temos casos de maridos compreensivos e realmente interessados no que a mulher sente; temos casos de mulheres que já arrumaram um amante porque esta é a única forma de conseguir administrar a frustração em relação ao seu casamento; temos as mulheres que assumiram tantas funções masculinas, que acabaram por se preocupar mais com o crescimento profissional e a conta bancária do que a relação afetiva; e tem as mulheres que resolveram substituir a realização amorosa e sexual pela realização consumista... seja com o dinheiro conquistado por ela ou pelo marido, essas mulheres trocam facilmente orgasmos por joias, jantar romântico por carro novo e um carinho por viagem caras.
A relação entre homens e mulheres feliz e gratifcante é possível? Sim, é... Contanto que as mulheres se tornem mais seguras e menos neuróticas em relação ao que os homens sentem, pensam e fazer (autocrítica pra nossa "classe" também é sempre bom..rs) e que os homens passem a considerar o relacionamento afetivo tão importante quanto o seu status profissional, sua conta bancária e seus projetos individuais de vida. As perguntas que eu faço são: 1) o que se faz quando um negócio começa a fracassar? 2) o que se faz quando há a percepção de que se está defasado em relação ao mercado de trabalho? 3) o que se faz quando um projeto começa a não dar certo? 4) o que se faz quando o corpo não responde mais da mesma forma na prática de um esporte? 5) o que se faz quando o dinheiro que se ganha começa a não pagar as despesas do mês? E as respostas são, respectivamente: 1) reunião de negócios para desenvolver um novo plano de ação! 2) volta-se ao banco de escola para fazer uma especialização! 3) hora de repensar o projeto, discutir novos caminhos 4) momento de ir para a academia suar a camisa para fortalecer o corpo 5) conversa com a família para ver como cada um pode ganhar mais dinheiro ou fazer algum sacrifício, economizando recursos. Ou, de forma genérica: prestamos atenção ao que está acontecendo, conversamos sobre isso com as pessoas envolvidas, analisamos o que precisa ser mudado e nos empenhamos para que isso aconteça.
Por que é tão fácil pensar isso tudo e encarar tudo isso com normalidade e na hora de "discutir a relação" há tantos narizes torcidos? Por que eu nunca vi alguém, quando chamado a rever sua postura no trabalho, reclamar "ai, que saco, tenho que discutir a relação com meu chefe (meu colega de trabalho, meus sócios)? Temos duas possibilidades de resposta aqui: 1) não se dá à vida afetiva a mesma importância que se dá à vida profissional, financeira, esportiva, estética, etc... ou 2) as pessoas acreditam que relacionamento afetivo é algo que se resolve espontaneamente, sem que precisemos pensar nele, debater sobre ele.
Bem, o amor é algo espontâneo! Ele acontece ou não acontece, e muitas vezes nem temos controle sobre ele! Em função disso, vemos por aí muitas declarações do tipo: "eu não sei porque gosto tanto dele!" Mas a partir do momento em que amamos alguém e nos relacionamos com essa pessoa, isso se torna algo "pensável, questionável e debatível"...rs
Existe um fato sobre o qual não podemos questionar: nossa atenção se prende naquilo que é importante para nós. O que não tem importância nunca é citado, lembrado... não perdemos muito do nosso precioso tempo naquilo que não tem importância alguma para nós. Então, encerro aqui este artigo colocando um tema para meditação que deve ser analisado com profundidade: quanto do seu precioso
tempo você investe na sua relação? Quanto do seu precioso tempo você dedica ao crescimento e aperfeiçoamento do seu relacionamento afetivo? A resposta será a exata expressão do quanto você dá importância para a concretização do amor (relacionamento afetivo) na sua vida.
Oi Claudinha,
ResponderExcluirPerfeito! Ô sintonia danada essa nossa, viu? Atendi uma cliente ontem e parece que você estava aqui (rs), porque foi exatamente isso que conversei com ela. O casamento não vai bem porque eles simplesmente não conversam, não existe diálogo. Ela não pretende se separar, mas ao mesmo tempo não sabe se o ama mais. Eles criaram um monstro entre os dois e, é claro, os dois se sentem solitários. E ela quer uma solução mágica, que as coisas simplesmente se resolvam sem que ela precise fazer nada. Então conversamos muito e mostrei a ela a responsabilidade que ela tem também nisso tudo. Ele também. Mas que eles precisam conversar honestamente sobre o que se passa e só então ela vai saber identificar o que fazer a respeito. Foi muito tudo isso que você escreveu. }
E até quanto ao "blá blá blá", falei disso ontem também. Mas me referia à verborragia natural de Gêmeos, o novo endereço do Sol.
Que teia! Todo mundo conectado, sensacional!
Beijos,
Lilian
Claudinha, o certo é que os comentários masculinos serão sempre feitos com menos palavras... não há certo ou errado nesse caso. Mas a falta de comunicação será sempre um causador de desentendimentos. Relações dependem de entendimento, por isso é tão importante a troca de ideias e a compreensão do que pensa cada um dos outros.
ResponderExcluirOi, Lilian! :-)
ResponderExcluirPois é... A falta de diálogo tornou-se uma epidemia grave entre casais. Seja pela falta de tempo, porque ambos precisam trabalhar fora e a mulher ainda assume toda a responsabilidade da casa e dos filhos, seja porque os homens não costumam gostar desse tipo de conversa...rs
Tenho visto que com o tempo a mulher se cansa de tentar conversar. Ela percebe que o desgaste é maior do que se ela ficar quieta e infeliz. É triste isso... E volto ao ponto que sempre comento: os homens não foram educados para valorizar o relacionamento afetivo. A prioridade deles costuma ser a vida profissional. Fora o fato do egoísmo infantil, de gostar de ser servido, estimulado pelas próprias mães. Eu, como mãe de menino, sempre tive o cuidado de mostrar pro meu filho a importância de respeitar e valorizar a mulher, e de ser um ser autônomo (saber cozinhar, cuidar das suas coisas). Mas é bem difícil, porque tudo em volta mostra o contrário. E as meninas, por outro lado, tb andam com conceitos bem questionáveis sobre liberdade e independência... Acabaram se tornando um espelhos dos homens, sem perceber que perdem o seu maior poder, o poder do feminino. Enfim...
Oi, Altino! :-)
Sim, o diálogo é fundamental! Faço sempre a autocrítica das mulheres, que costumam exagerar na dose dos dramas e veem fantasma por todo lado. Atendo clientes que passam o tempo todo me contando histórias, segundo elas, terríveis sobre como os namorados ou maridos agem... E eu olho e não vejo nada de mais, nada além do que o comportamento típico masculino, mas está claro que o cara não está fazendo nada de tão errado assim...
Aprendi com meus pais, um exemplo de relacionamento afetivo que deu certo, que o mais importante, quando se conclui que há amor e se quer ficar junto, é respeitar a forma como o outro sente e pensa... Porque muitas vezes o que para nós parece bobagem, para o outro é muito importante. Por isso, apesar de minha mãe achar esporte a maior perda de tempo do planeta, ela não reclama quando meu pai passa horas acompanhando os jogos de volei e futebol na TV... E meu pai, que gosta de fazer sempre tudo do mesmo jeito, é capaz de dar uma volta enorme de carro, diferente da mais fácil, só para ver a alegria dela, vendo novas paisagens. Isso é cuidado, amor, carinho e respeito pelas diferenças.
beijos nos dois!
Oi Cláudia,
ResponderExcluirEu também gosto muito desse tema.
Minha opinião é que as mulheres são compreensivas demais, e querem compreender demais (o parceiro).
Amar muito a si mesma e desenvolver sua própria auto-estima e suas próprias atividades, em primeiro lugar, pra depois amar o outro.
Os homens fazem isso, devíamos aprender com eles.
Ser capaz de ouvir os próprios anseios e aprender a lidar com eles. Se nós, mulheres, não sabemos fazer isso, não devemos esperar isso dos homens.
Somos donas do nosso corpo e dos nossos corações. Somos nós que temos que saber até onde podemos ir, o que podemos suportar e o que não podemos. O que queremos.
A sociedade está cheia de relacionamentos mais longos, que “deram certo”, mas que uma parte cedeu muito e a outra cedeu pouco. Inevitavelmente, aprender a ouvir mais a si mesmo pode significar ser egoísta, mas também pode significar ser justo e não se auto-anular em prol do outro.
Se o outro não nos ouve, não temos como controlar, mas se nós não nos ouvirmos, a culpa é nossa.
Acho que também podemos aprender a nos voltarmos mais para nós e decidir como satisfazer nossas próprias necessidades. Talvez, quando isso acontecer, sejamos mais respeitadas.
Abraços
Oi, Dani
ResponderExcluirDois pontos importantíssimos que vc tocou:
1) mulheres são compreensivas demais
...e (agora completo eu) acabam tratando os parceiros como crianças
2)Se o outro não nos ouve, não temos como controlar, mas se nós não nos ouvimos a culpa é nossa.
Perfeito!
beijos